sábado, 6 de dezembro de 2008

Caracterização 2: Clima

Para a caracterização climática vamos socorrer-nos de uma publicação já velhinha: "O clima de Portugal", Fascículo XXXIV, publicado em 1987 pelo INMG, no qual são apresentados elementos relativos a observações na estação de Benavila entre os anos de 1956 e 1970. Não dispomos de elementos mais completos, mas para o objectivo em causa basta uma breve exposição. Nem sequer vamos falar de alterações climáticas, essas já existem há muito e devem-se a muitos factores, um deles, já reflectido nestes dados, é sem dúvida, a construção da Barragem do Maranhão.

No período em análise constatou-se que:
1-Temperatura
A média anual é de 16,0ºC, sendo os valores médios mensais extremos de 8,6ºC em Dezembro e de 23,7ºC em Julho e Agosto. A média anual das máximas é de 21,9ºC, o valor minímo é de 13,3ºC em Dezembro e o valor máximo é de 31,8ºC em Julho. A média anual das minímas é de 10,1ºC, sendo o valor mais elevado registado em Agosto com 15,6ºC e o valor minímo em Dezembro com 3,9ºC. Os valores extremos registados foram de -4,6ºC e de 42,5ºC.
2- Precipitação
A média anual é de 655,1 mm com uma distribuição muito irregular: o semestre de Outono-Inverno (1 de Outubro a 31 de Março)representa 76,6% da precipitação anual, enquanto que o trimestre de Verão (1 de Junho a 31 de Agosto) representa 4,5%.
3-Humidade Relativa
A média às 9 ho é de 78%.
4-Insolação
Não foi medida na estação de Benavila, mas poderá estar compreendida entre as 2850 e 2900 ho anuais
5-Geada
Ocorrem entre Novembro e Março e apresentam um registo anormalmente baixo: 8,8 dias por ano. É, em nossa opinião, um dos reflexos da proximidade da barragem.
6-Nevoeiro
Em média verificam-se 24,5 dias por ano, com um máximo em Dezembro com 5 dias. Também aqui é notória a correlação entre o espelho de água e o manto de nevoeiro.
7-Evapotranpiração Potencial
Pelo método de Thornthwait e para o período de 1956 a 1975 é de 821,2mm/ano, representando o semestre de Inverno 22,1% e o trimestre de Verão 47,6%.

É um clima Mediterrânico, segundo o Prof. Mariano Feio, "fácil de caracterizar qualitativamente: é um clima temperado com Verão quente e seco, chuvas na estação fria e Inverno moderado".

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Caracterização 1: Localização, solos, exposição, área




A vinha do Monte Novo do Rodeio localiza-se no lugar do Rodeio, freguesia e concelho de Avis, de onde dista aproximadamente 3 km no sentido SSE.
Está implantada sobre solos de origem calcária - Vcm (75%), Vc (20%) e Pc (5%) - numa encosta suave com exposição Sul onde ocupa uma área útil de 4,35 ha.
As análises fisico-quimicas efectuadas em diversos perfis revelam os seguintes valores médios: solos de textura franca, com teores baixos a médios em Fósforo, elevados em Potássio e Magnésio, médios na generalidade dos microelementos e pobres em Matéria Orgânica. A Dap varia entre 1,38 a 1,43 , o pF 2,5 de 25 a 30% e o pF 4,2 de 4,1 a 15,1%.

Após leitura da 1ª mensagem:

Dap (Densidade aparente do solo): Massa de uma unidade de volume de solo, incluindo os poros.
(Varennes, Amarilis de, 2003 Produtividade dos solos e ambiente. Escolar Editora, Lisboa, 490 pp)
pF: Logarítmo décimal da altura, em cm, da coluna de água que exerce pressão equivalente à força de retenção ou atracção do solo para a água. (Botelho da Costa, J, 1973 Caracterização e constituição do solo, 2ª Edição. Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, 527 pp).

Admitindo os seguintes valores médios
pF 2,5 = 27,5%
pF4,2=9,5%
Dap=1,4
Profundidade radicular (z)= 700mm

vamos calcular a quantidade de água que estará disponível para as plantas.

pF2,5 corresponde à Capacidade de campo (CC)
pF4,2 corresponde ao Coeficiente de emurchechimento (CE)
A diferença entre CC-CE corresponde à Capacidade Utilizável (u)
A capacidade utilizável (U) é calculada por aplicação da fórmula: U= z . Dap . u
Por substituição dos dados obtemos U=176,4 mm.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Objectivos


A vinha do Monte Novo do Rodeio vai mostrar-se ao longo do tempo, não tanto com o aspecto de um diário romântico, talvez mais como um semanário objectivo e que vai correr alguns riscos:
- Para quem está na área da viticultura o de parecer demasiado banal, enfadonho e com afirmações e decisões de trabalhos polémicos ou errados.
- Para quem não está nesta área, o de parecer demasiado técnico, nalguns casos até pouco acessível.

Esperamos que entre as duas situações extremas alguns leitores apreciem o Alcórregus e, através dele, tenham uma aproximação à mais nobre das bebidas: o vinho.
Para já o que prometemos é:
  • a apresentação da vinha, na qual serão referidas as suas principais características
  • a descrição rigorosa de todos os trabalhos que terão lugar ao longo do ano, desde a poda à vindima
  • mostrar os vinhos
Os posts serão, sempre que oportuno, modificados, ou porque se adicionam novos ou melhores elementos ou porque se suprime alguma afirmação que se revele errada.
Para já o Alcórregus, para mim, tem uma virtude: tem-me feito pesquisar documentos que há muito estavam esquecidos.
Sempre que se justifique poderemos falar de outros assuntos importantes para a Sociedade.
O fundo musical será alterado de vez em quando, mas terá sempre como fundo o vinho e tudo aquilo que lhe está associado.
Alcórregus, marca registada no INPI.